quinta-feira, 31 de março de 2011

Sobre timidez

Todas as pessoas tímidas sentem uma pontinha de inveja de quem não é, porque a vida é mais fácil pra quem é desinibido. Mas eu estive pensando essa semana, porque querer mudar o que você é, sendo que isso não é lá um fator que te prejudique tanto?

Eu, por exemplo. Sou completamente inibida com quem eu não conheço, aí eu parei pra pensar esse semestre que, oi, eu não sei ser repórter. Ou melhor, eu sei, mas eu O-D-E-I-O.

Partiremos do princípio de que eu odeio aparecer. SÉRIO. Da maneira que for. Acho que ser anônimo é incrível, porque você pode sair de casa com aquela cara de couve que ninguém vai publicar na CARAS com o título "FULANA SAI À VONTADE PELO CALÇADÃO E ESQUECE DO ROSTO EM CASA".

Ao contrário do que uma pessoa Cibele Freitas, da Rede Amigos da Cultura me disse (segundo ela, "todo mundo gosta de aparecer) a maioria da população gosta de aparecer. Sim, a maioria gostaria de ser FAMOSA, mas só os tímidos sabem que 99% dessa galera não aguentaria o reggae da perda de privacidade. Nós, tímidos, amamos privacidade. Ficar em casa sozinhos só fazendo o que a gente gosta, nem que seja assistir televisão.

Aí eu me desesperei. Já achei que tinha que ser revendedora avon, mas aí eu lembrei que nem pra isso eu servia, porque não queria falar com os outros. Pensei "vou ser secretária né, ficar lá sentadinha só atendendo os telefones e sendo bonita e gentil". E aí eu pensei de novo "maspoxavida, tanta gente aparece naquela PARDETRÁS do Jornal Nacional e nem por isso eles aparecem. Pesquisemos".

Pesquisei merda. Achei alguma coisa sobre edição e produção, mas não vi isso relacionado ao jornalismo. Como boa tímida, tive que apelar pro professor. Professor Raul, vulgo um-dos-professores-mais-foda-do-semestre, me mostrou a luz. Falou "vencá gatinha, que tudo tem salvação". Ele também odeia aparecer, e me mostrou o caminho da felicidade, que não é aqueles pelinhos na barriga não, meu bem. Dá pra ser produtora, editora ou pauteira. Não sei se ele só lembrou disso ou se é só isso. De qualquer jeito, gostei dos três. Pesquisarei mais e trarei aqui o que é cada um.

JORNALISTAS TÍMIDOS, UNI-VOS.

quinta-feira, 24 de março de 2011

Filosofei - Sobre passar dos próprios limites

Em primeiro lugar eu peço desculpas pelo caminho pessoal que o blog levou. Não era essa a intenção mas admito, pode acontecer de novo. Toda a minha vida eu fui impulsiva, e não é hoje que eu deixarei de ser. Posso tentar controlar (eu disse tentar) mas parar, eu não consigo.

Sobre impulsividade, eu aprendi uma coisa: conviver pacificamente com essa característica é o melhor caminho. Nada de lutar contra isso, mas sim aceitar. Não é fácil pra mim, nunca foi e nunca será. Mas estamos trabalhando nisso.

Hoje, quinta feira (24), eu tive um momento. Um momento de descontrole, daqueles que você não conta pra ninguém. É vergonhoso, eu diria, mas me fez ver a situação de um outro modo. Esse descontrole é o que eu chamo de "intuição que eu não senti", porque eu já me sentia assim faz tempo e não dei bola (não o suficiente). Não suporto fazer uma coisa que eu não gosto, que eu não me sinto à vontade. E é sobre isso que eu vou falar hoje.

Cada pessoa tem um limite, um ponto final. Quando ele chega não adianta querer ultrapassá-lo, não se ultrapassa um ponto final. A gente pula pra próxima linha e continua, e é isso que eu vou fazer. Não quero trabalhar em um lugar onde eu não me sinta bem, onde exijam de mim mais do que eu posso fazer.

Não que eu tenha desistido da ideia, muito pelo contrário. Em um futuro próximo, isso seria ótimo. Mas convenhamos, onde eu estava com a cabeça quando aceitei fazer estágio sem cabeça nenhuma pra isso, sem experiência? É aquela história de ter o olho maior que a barriga, meu ego, no caso, foi muito maior que a minha experiência, muito maior. E é preciso ter maturidade sufuciente pra assumir o erro, e eu estou aqui pedindo desculpas pro meu ego para que ele não se chateie. Pode voltar outra hora, por mim tudo bem. Só não me atropele de novo, não é coisa que se faça.

Este post se tornou pessoal de novo, mas está menos pessoal que o anterior. Aos poucos vou me contendo. Sorry for that.


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domingo, 20 de março de 2011

Filosofei - Poema de Fernando Pessoa

Apontamento, Álvaro de Campos

“A minha alma partiu-se como um vaso vazio.
Caiu pela escada excessivamente abaixo.
Caiu das mãos da criada descuidada.
Caiu, fez-se em mais pedaços do que havia loiça no vaso.

Asneira? Impossível? Sei lá!
Tenho mais sensações do que tinha quando me sentia eu.
Sou um espalhamento de cacos sobre um capacho por sacudir.

Fiz barulho na queda como um vaso que se partia.
Os deuses que há debruçam-se do parapeito da escada.
E fitam os cacos que a criada deles fez de mim.

Não se zanguem com ela.
São tolerantes com ela.
O que era eu um vaso vazio?

Olham os cacos absurdamente conscientes,
Mas conscientes de si mesmo, não conscientes deles.
Olham e sorriem.
Sorriem tolerantes à criada involuntária.

Alastra a grande escadaria atapetada de estrelas.
Um caco brilha, virado do exterior lustroso, entre os astros.
A minha obra? A minha alma principal? A minha vida?
Um caco.
E os deuses olham-o especialmente, pois não sabem por que ficou ali.
(“Apontamento”; 1929)

quarta-feira, 2 de março de 2011

Procura-se amigos

Este post é um desabafo. Se quiser, desconsidere-o. E não venha falar comigo sobre o mesmo, é desnecessário.


Grande parte da minha vida eu fui cercada de amigos. Fazia amiguinhos na praia, na casa da amiga da mãe, no shopping. Hoje eu me vejo assim, vazia. Depois de semanas de reflexão eu cheguei a um consenso: estou deslocada. O que em parte eu acho normal, por estar entrando num novo mundo onde novas pessoas surgiram e todas as que fazem parte do meu passado deram uma apagadinha. Nem todas que fazem parte do meu passado se apagaram, mas grande parte sim. Acho normal, acho necessário, acho chato. É super divertido ir pra faculdade e conviver com o pessoal de lá. Não digo que ninguém fala comigo, falam sim. A gente ri e tudo, mas eu sinto falta de AMIGOS. Daquela galera que se reúne pra beber na praça e isso se torna um puta programa divertido. Por isso eu quero mudar pra Sorocaba, onde o pessoal da faculdade mora. Quero me aproximar, quero me sentir parte do todo. Mas não quero que seja forçado, se não me aguentam, então me deixem pra lá que eu me viro. Isso de "vamos enturmar aquela ali porque ela tá deslocada" não rola. Pode deixar que eu me viro. Aliás, se o Jornal da Economia me pegar pra cristo para estágio é provável que eu me ache lá espero. Então é isso. Eu tive de escrever pra ter certeza do que eu estou sentindo. E por favor, POR FAVOR, não venham falar "noooooossa naty, como assim a gente gosta de você e blábláblá". Esse post nunca existiu. Não precisa ser comentado, só lido. E olhe lá.



E digam olá para meus amigos no momento.


The Fray é uma banda que eu venero, sério. Esse cara canta com um sentimento tão verdadeiro que eu canto gritando. Coisa que não deve ser muito agradável.








Esse todo mundo conhece, o melhor amigo da solidão: o combo pizza + coca/vinho.